quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Adeus, Velho e Querido Amigo!

Adeus, Velho e querido amigo!

Para que quieren ir alla? Te tiran cerveza, saco de meo, huevones curados inchando las huevas... Para que quieren ir si uno puede ver por televisión?


Não lembro, sinceramente, quantas vezes eu ouvi o discurso acima, exatamente como está escrito, em espanhol! Meu pai, chileno, nunca aprendeu o português e também nunca quis levar eu e meus irmãos aos jogos, fosse por todas as queixas quanto a quem frequentava as arquibancadas do Olímpico, fosse porque moravamos em Gramado na época, fosse porque não tinha nenhuma vontade de enfiar 3 filhos dentro de um Landau e dirigir 120 km para ficar 90 minutos se incomodando (na visão dele, é claro)!

Pois bem, sempre gostei de futebol, mas com 15 anos, imberbe e com metade do tamanho que tenho hoje, decidi que queria ser jogador, pura, única e simplesmente para poder jogar no Olímpico! Posição? Qualquer uma, queria era jogar! Na infância, jogava na zaga, tendo metade da idade, e da altura, dos jogadores do time adversário, arrancava elogios e olhares de admiração, canelada e chutão eram regra, cara de brabo sempre! Nunca tive técnica e, até hoje, se tu apostar comigo que eu não faço 20 emabixadinhas, eu perco a aposta e vou perder para todo o sempre, não me entra na cabeça o porque de ficar igual a um tonto chutando uma bola pra ti mesmo!

Enfim, estou desvirtuando a história, mas tu vai entender no fim!

Aos 17 anos a familia vem morar em Porto Alegre e a primeira coisa que meu irmão Francisco diz é: Vou te levar no Olímpico!

Tchê rapaz, confesso que eu fiquei nervoso, não sabia como era, não tinha idéia de como poderia ser, sempre ouvira falar no Olímpico, mas e se meu pai tivesse razão? Se me jogassem um saco cheio de mijo? Perguntei para meu irmão se não tinha perigo de acontecer algo e ele respondeu com seu carinho e sua franqueza: Deixa de ser cagão!

Deixei! Dez pilas no bolso, um guri do interior, ainda imberbe, rumando para o seu primeiro jogo, casa lotada, a competição? Libertadores! O jogo? Grêmio x Palmeiras/Parmalat pela fase de grupos da Libertadores de 1995! Fiquei deslumbrado com aquele gigante de concreto, aquela multidão cantando ensandecida, os jogadores ali, a menos de 30 metros de mim, a impressão que eu tinha era de que com as mãos poderia interceder no jogo, era um quadro surreal, fiquei abobado, de boca aberta olhando, as vezes para o jogo, as vezes para a turba ensandecida que gritava loucamente, estava tão encantado que pouca coisa me lembro do jogo, além do placar, claro!

Roberto Carlos acertando uma bomba na trave, Edmundo caindo bem em frente de onde eu estava e a torcida o saudando aos gritos de " au au au, Edmundo chupa pau!". E por fim, do meu irmão, suavemente falando: Puta que pariu, tu é pé-frio pra caralho!. São estas as minhas lembranças daquele jogo!

Provei, naquele ano e nos anos seguintes, que eu não era pé-frio, apesar de que, claro, já vi derrotas inverossímeis do Grêmio, assim como vi vitórias milagrosas e gols decisivos, como o de Aílton em 1996, cerca de um minuto depois do camarada que estava ao meu lado se levantar, dar um tapinha nas minhas costas e dizer: Bah, cara, o Grêmio não vai ser campeão!!

Vi tantas coisas, títulos, jogadores, roubos da arbitragem, gols inesquecíveis de Jardel, Paulo Nunes, Arce, Tcheco, Cadu, Dinho e tantos outros! Mas o meu sonho ainda não estava realizado, eu queria jogar no Olímpico!

No dia 09/12/2011 coloquei meus pés, calçados com chuteiras novinhas, no sagrado gramado do Estádio Monumental Olímpico de Porto Alegre! Meu sonho estava realizado, era vivo, eu estava do outro lado, jogando e ajudando as crianças do IGT (Instituto Geração Tricolor)! A posição? ZAGUEIRO! Não se foge das origens! A mesma cara fechada, carrinhos que jamais me esquecerei e o melhor elogio de todos veio do atacante do outro time: "Pô, deixa passar com a bola dominada, só uma vez!".

Meu ciclo com o Olímpico vai se completando, hoje sou pai de um pequeno gremista que vive em terras cariocas, vi todos os títulos possíveis serem conquistados no nosso Velho Casarão, vivi alegrias mil, tristezas em menor número, amizades, porres, comemorações rezas e choros, amores, e a paixão pelo Grêmio, que meu pai, há 25 anos atrás não soube entender! Vou me despedindo como posso, tentando não pensar, segurando as lágrimas a cada jogo e tendo uma única certeza:

Podem destruir o concreto, as vigas, arquibancadas, retirar o gramado, construir prédios, parques ou a porra que for! Mas o Olímpico que eu carrego nas minhas lembranças e, sobretudo, no meu coração, ninguém jamais destruirá!

Estou escrevendo isso na manhã do dia 03/11, dia de jogo contra a Ponte e a 29 dias do último jogo oficial do Olímpico! Essa é a minha história, que ainda pode ter um apêndice!

Olímpico para sempre!

Um comentário:

  1. http://videosdamaquinatricolor.blogspot.com.br/ ola amigo siga meu blog vamos fazer parceria seu blog e muito legal ja estou te seguindo da-lhe gremio vamos ser tri da america 2013

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