quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Saudade ou falta?

saudade: s.f. Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir. / Nostalgia.

Saudade, mas de que? Sentimento bom? Será? A definição é clara, suave e melancólica. Melancólica, mas se trata de um sentimento bom não?
Prefiro ainda a palavra falta, falta de um beijo, um sorriso, um abraço, falta a meu ver se define melhor que saudade, saudade me da uma impressão de irresgatabilidade de sentimentos, seja isso possível ou não.
Suave? Saudade, na minha concepção, machuca e martiriza, sufoca, faz ferver o sangue, a saudade é angustiante, enlouquecedora, incomodante, algo que pode nos acordar de madrugada desnorteados.
A falta vai ser sempre mais intensa, porém menos incomodante, sentir falta é quase conformar-se com o sentimento de ausência, é saber que nada está assim tão tangível, mas é também confortar-se com algo não imediatista, a falta é compreensível, pode-se viver com ela, mal é verdade, mas possível, a falta nos faz perceber as coisas mais próximas da realidade, a saudade é utópica, nos faz devanear.
Prefiro a falta, é mais real e não nos engana, em detrimento a saudade, a falta é mais concreta, enquanto a saudade seria tênue, subjetiva, abstrata.
Saudade é uma corruptela de soledad, em espanhol solidão, estar sozinho, não ter ninguém, ou nada.
A falta sempre vai ser de alguma coisa que tu queres, ou que tu desejas, a falta que faz hoje um peso no colo, um choro de madrugada, um sorriso de manhã e alguém me tocando um ursinho para que eu acordasse e o retirasse do seu confinamento de telas e travesseiros, para que ele me escalasse ou arrancasse os pelos do meu peito, ou fosse ver para que afinal servem as orelhas, ou o que tem dentro do nariz.
Essa falta que no momento me sufoca muito mais do que a saudade.

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