domingo, 28 de março de 2010

Ainda Tradições...

Cassiano, Tarcísio, Vitor e Daniel, João, Maninho e Rafa!
Esse era o time do Dínamo de Niterói, time de sete que se aventurava pelos dois campos de sete existentes na cidade de Canoas, no parque Getulio Vargas (me encho de tristeza de saber que o campo onde fiz o gol da vitória contra a Luza, não existe mais, sequer a goleira deixaram!) e no Capão do Corvo, onde mandávamos nossos jogos!
Éramos uma máquina, domingos pela manhã éramos gladiadores, nos outros dias da semana, adolescentes irresponsáveis no álcool e tenros filhos, com a exceção do Vitor, que já era casado e pai!
Bem como eu dizia, éramos gladiadores no domingo e durante um ano não teve pra ninguém, ganhávamos de qualquer um que se dispusesse a acordar num domingo pela manhã para ser derrotado, sob sol ou sob temporais, éramos imbatíveis!
Nosso uniforme era uma camiseta vermelha, brilhosa pesada e que no verão nos fazia suar as bicas, mas éramos temidos, ah! Como éramos. Aquela camiseta vermelha tinha vida, mostrava-se na frente do adversário como o vermelho de um semáforo, era proibido ganhar dela, assustava, provocava e derrotava quem quer que se atrevesse a olhá-la.
Era irresistível, e aos poucos, algumas imitações começaram a aparecer, primeiro vermelho com listras de outra cor, ou alguma outra cor com detalhes vermelhos, e assim copiavam-nos pelos quatro cantos do bairro Niterói!
Um dia o Vitor teve a solução:
- Vamos trocar de uniforme! - Bradou ele após mais uma conquista
Enteolhamo-nos e fez-se aquele silêncio, sempre se faz silêncio em situações assim!
- Esse tecido é muito grosso e nos faz suar, precisamos de algo mais moderno! - Continuava o Vitor em seu discurso a favor dos uniformes tecnológicos.
Aos poucos começamos a concordar, é realmente precisávamos de um uniforme mais leve, mais moderno, o encargo ficou por conta do Vitor, ele iria até a loja Central e compraria os uniformes, eu me encarreguei de, com um papel, pegar os números preferidos de cada um, o único excêntrico do grupo fui eu que não gostava, e ainda não gosto, de números pares e optei pelo quinze, que somando os numerais saía a meia dúzia que correspondia ao número da minha posição, era o que eu achava pelo menos!
Chegou a sexta e com ela a informação de que estava tudo pronto, já tínhamos as camisetas os calções e as meias, nos reunimos em torno do carro do Vitor e vimos o uniforme novo, verde! Verde! V E R D E ! ! ! ! ! ! ! !
Olhamos para o Vitor ao mesmo tempo, todos os outros seis, com exceção do Cassiano que era goleiro.
- Não tinha vermelho, mas o que importa é que é mais leve!
Nisso ele tinha razão, eram cascas de cebola, levíssimos, um corte elegante, golas "V"! Bonito mesmo o uniforme, seguindo tendências européias!
No Domingo frente a Marafon estrea-mo-lo, assim, com mesóclise e tudo o mais!
Nossos adversários estranharam, verde? Mas não eram vermelhos? Agora a cor parecia dizer, siga, vá em frente, não estas proibido de ganhar!
Era isso, o uniforme não metia mais medo, era totalmente diferente do que era o antigo, porém com linhas mais modernas!
Aconteceu com nosso uniforme o mesmo que acontece ao Grêmio, mudou radicalmente o uniforme, tem linhas mais arrojadas, mas não é o mesmo, parece ter perdido o respeito, segue com a mesma essência, vestir onze guerreiros, mas parece que a camiseta já não é a mesma de outrora, mas é claro, segue tendências européias!
Era a mais bonita do mundo, mas agora...

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