terça-feira, 24 de maio de 2011

Tempo (parte II)


Algumas coisas interessantes além da chuva aconteciam em Mengalvia naquela época, jornais davam conta de que um canibal invisível havia sido capturado, mas quando a multidão foi para lá e viu uma jaula vazia, se decepcionaram, muitos irritados se perguntavam:
            - Bem, e onde está o tal canibal invisível?
            Outros noticiavam a boca pequena que estava por surgir um novo rio na cidade, na parte seca, no vilarejo dos espanhóis, que estavam muito empenhados em cavar desde o cume do morro da divisa até um poço localizado no seu vilarejo, pois já se tinham cansado de ir buscar água longe.
            Noticiava ainda o terceiro jogo entre o Nacional e o Football, em comemorações a alguma coisa que nem os idealizadores do jogo souberam explicar.
            A Prefeitura ficava do lado chuvoso da cidade, onde outrora fora a casa do fundador Joseph Mengalv, agora era o palácio da prefeitura, um prédio rústico, devido a ação da chuva, Facundo Menglav Sobrinho Segundo era o prefeito da cidade, ocupado em tentar manter a ordem tanto do lado da seca quanto do lado da chuva, e as queixas eram recíprocas, nunca havia ninguém contente. O Senhor Magalhães, o mesmo do invento adentrou a sala do prefeito com a jura de que tinha a solução para as pessoas que viviam do lado molhado, o prefeito nada falou, o observou atentamente, enquanto o homem tirava de sua mala o que ele batizou de adaptador de pés de aves aquáticas para seres humanos, Facundo nada falou, pediu ao homem que se aproximasse, tirou os sapatos e lhe mostrou os seus pés, com membranas entre os dedos e garras na ponta, para que pudesse andar no barro.
            - Isso é incrível! – Afirmou Magalhães
            - É uma merda, - respondeu o prefeito – me fura todas as meias que tenho!
            Magalhães pôs-se a pensar e por fim deu uma idéia ao prefeito, que de pronto a aceitou, e passaram a cobrar dez mengalvetas para quem quisesse ver os pés do prefeito, vinte para fotografar, e trinta para tocar, e não faltou gente para fazer isso, filas se formaram, e foi espalhado que tocar os pés traziam sorte, e dentro em pouco havia quem pagasse cinquenta para beijar o pé do prefeito, formou-se uma feira livre na frente da prefeitura, onde se vendiam medalhinhas com fotos do pé do prefeito, réplicas em barro, para que fossem cultuadas em casa, raspas que um rapaz a plenos pulmões dizia serem legitimas escamas dos pés do prefeito e pessoas em romaria para agradecer ao santo pé direito de Facundo Mengalv Sobrinho Segundo que segundo uma senhora disse lhe havia curado da vesícula.

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