terça-feira, 24 de maio de 2011

Tempo.

Tempo foi uma crônica que eu escrevi um pouco antes de meu filho nascer, na época eu estava convencido de que tinha o veio da escrita, não ficou ruim, com certeza não, mas esbarra no adorável sentimento de que fizemos algo realmente bom.

Deixo aqui algumas linhas, caso for de interesse deixarei mais, depende do gosto de vocês.


Grande Abraço!


TEMPO

Quando já se haviam transcorrido mais ou menos dois anos da chuva que dividia a cidade ao meio, apareceu por Mengálvia um homem, forasteiro, rechonchudo e de bigodes, ouvira falar da cidade dividida pela chuva, e se interessou. Como Mengálvia estava na época cinco anos atrasada em relação ao resto do mundo, preferiu chegar até a cidade no transbordo que se fazia dos modernos navios para uma embarcação rústica, já que as embarcações mais modernas não resistiam ao anacronismo da cidade, e as companhias de seguro já estavam fartas de ter que pagar indenizações por embarcações que, ou afundavam, ou desapareciam como passe de mágica, era proibido casais com filhos na cidade, pois logo que colocavam o pé em solo Mengalviano, a criança desaparecia por encanto, e os casais em questão de minutos, e dependendo do tempo de relacionamento, passavam a tratar-se como estranhos, ainda assim, era muito procurada por pessoas que queriam iniciar uma vida nova, e por aqueles que carregavam alguma mágoa no passado recente, e iam para lá para esquecer-se de suas amarguras asfixiantes.
            O rechonchudo Senhor de bigodes, que era caixeiro viajante, mascate e oportunista, usou de sua astúcia, e resolveu anotar num pequeno caderno o resumo das coisas mais importantes que havia vivido, sem esquecer de anotar também o que vinha fazer na cidade, além de um detalhado manuscrito de seu invento engenhoso, que segundo ele iria resolver o problema de muitas pessoas em Mengalvia, colocou em um de seus bolsos o caderno mais antigo que tinha, escrito todo ele a pena, para que não houvesse nenhum risco. De fato, ao pisar na cidade, descobriu-se desorientado. Ao colocar a mão no bolso, leu o que indicava o caderno, seguindo instruções abriu a sua maleta, e se deparou com o que carregava, olhou com ar de intriga o objeto, folheou algumas páginas do seu caderno e se deparou com o que ele mesmo tinha inventado. Ah sim! Para andar na água! Disse ele, enquanto se perguntava o porque de ter anotado tudo aquilo, folheando algumas páginas mais descobriu o porque, ah sim, falar com o Prefeito.

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