terça-feira, 14 de agosto de 2012

Será que ele vai acreditar?

Meu pai me contou muitas histórias sobre a juventude dele, histórias de pesca, viagens pela América Latina e por aí vai. Quando eu era criança meus olhos brilhavam com essas histórias, faziam parte de um imaginário fantasioso. Eu cheguei a certa idade em que não sabia mais se haviam ocorrido de verdade ou se, por fim, teriam saido de um romance de Gabriel García Márquez, tamanha era a fantasticidade dos contos.

Meu pai já se foi, cabe a mim, agora, o papel de pai com um filho ávido por histórias! O futebol não foi um personagem das minhas lendas infantis, e só depois de muito tempo vim a saber, por intermédio de terceiros que meu pai jogava de camisa 2 num time amador de Santiago do Chile!

Com meu filho será diferente, o futebol e o Grêmio são personagens constantes em nossas aventuras, sejam elas contadas, inventadas ou encenadas, o Grêmio está em tudo, no time de futebol das personagens infantis que ele mais gosta, nas músicas que cantamos (em geral o nosso hino), nas roupas que eu visto e que ele aprova!

Existe mais um personagem, o Estádio Olímpico de Porto Alegre! É onde todos os smurfs se reúnem para ver jogos, é onde o meu amigãozão mais gosta de ir, é onde os backyardigans vibram pelo Grêmio! Ali todos os desenhos que ele gosta já estiveram, nas histórias que eu invento para ele e na imaginação de criança que ele tem.

Aí é que vem o meu medo, será que um dia ele vai acreditar que o estádio realmente existiu? O que teremos de concreto dele? Será difícil passar em frente a um conjunto habitacional e dizer que ali, mais ou menos debaixo daquela janela, meu filho, seu pai costumava assistir os jogos! Ali, onde está aquela árvore, João, eu me encontrava com meus amigos para beber! E bem ali, filho, onde está passando aquela moça agora, bem ali eu e teus tios comemoramos o bi-campeonato brasileiro de 1996!

Assim como meus olhos deviam brilhar com as histórias do meu pai, os deles brilham cada vez que eu falo Grêmio, que falo do Olímpico! E mesmo que eu tenha provas de que realmente o gigante de concreto existiu, mesmo que eu tenha fotos de quando eu mesmo joguei lá dentro, tenho um pavor incontrolável de um dia ele pensar: Pobre pai, já está acreditando nas suas próprias histórias inventadas!

Meu medo é que o Olímpico vire uma sombra do passado, algo fugaz na memória dos mais velhos, algo que as novas gerações nunca venham a conhecer, pois estavam mais preocupados em manter o cabelo estilo restart! Infelizmente, para o meu filho, será impossível conhecer o Olímpico ainda de pé e imponente! E para o teu?

Leva teu filho no Olímpico, tu que pode (o meu mora no Rio, fica beeeeem complicado), senão conviva com o medo e o fantasma da pergunta do parágrafo a seguir, que, se ele não conhecer o Olímpico, certamente tu vais te fazer!

Será que ele vai acreditar?

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